19/12/2024 13:34:00

BC diz que chance da inflação estourar a meta é de 100% em 2024

Atualmente, a inflação está em 4,87% no acumulado de 12 meses até novembro, valor acima do teto da meta, que é de 4,5% em 2024

BC diz que chance da inflação estourar a meta é de 100% em 2024 - Notícias - Mato Grosso digital
Banco Central (BC) informou, nesta quinta-feira (19/12), que a probabilidade da inflação estourar o teto da meta de 2024 é de 100% — a estimativa anterior (de setembro) era de 36%. Os dados estão no relatório de inflação do quarto trimestre.
 
 
A meta da inflação é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, sendo 1,5% (piso) e 4,5% (teto). O objetivo foi traçado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelo BC e pelos ministérios da Fazenda e Planejamento.
 
 
Em 2023, a meta foi cumprida. No passado recente, ela só foi descumprida em 2021 e 2022. E, no relatório, o BC também admitiu que a inflação vai ultrapassar os 4,5% em 2024.
 
 
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, está em 4,87% no acumulado de 12 meses até novembro, valor acima do teto da meta. No mês passado, a guinada na inflação foi puxada, principalmente, pelo aumento no grupo Alimentação e bebidas (1,55%).
 
 
Como a inflação oscilou em 2024
 
 
 
 
No ano, o IPCA acumulado é de 4,29%. A projeção do mercado financeiro é de que a inflação some mais 0,58% em dezembro, segundo o relatório Focus dessa segunda-feira (16/12). Com isso, o índice fecharia acima dos 4,5%.
 
 
De acordo com o BC, o resultado da inflação de 2024 foi influenciado pela combinação de diferentes fatores, principalmente “a depreciação cambial, o ritmo forte de crescimento da atividade econômica e fatores climáticos ou relacionados ao ciclo do boi, em contexto de expectativas de inflação desancoradas e inércia da inflação do ano anterior”.
 
 
A próxima divulgação oficial do IPCA está prevista para ocorrer em 11 de janeiro.
 
 
Para os anos seguintes, o BC elevou as projeções da seguinte forma:
  • 2025: passou de 28% para 50%; e
  • 2026: subiu de 19% para 26%.
 
 
“Como as projeções são superiores à meta, as probabilidades de ultrapassar o limite superior são maiores do que as de ultrapassar o limite inferior”, destacou o BC em trecho do relatório.
 
 
O que acontece se a meta for descumprida?
Em caso de descumprimento da meta, o BC precisa divulgar uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando as razões para o estouro. Isso porque a autoridade monetária é que faz o controle da inflação, por meio da taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias.
 
 
“Uma nova comunicação será feita somente no caso de a inflação não retornar ao intervalo de tolerância da meta dentro do prazo estipulado ou se o BC julgar necessário atualizar as medidas ou o prazo esperado para o retorno da inflação ao intervalo de tolerância”, afirmou o BC.
 
 
Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano, após decisão unânime do Copom de fazer um acréscimo de 1 ponto percentual. O comitê ainda comunicou dois novos aumentos na taxa de juros em 2025.
 
 
Meta contínua da inflação
 
 
De 1999 até 2024, a meta se refere à inflação do ano-calendário. Entre 1999 e 2018, o CMN definia em junho a meta para a inflação de dois anos-calendário à frente e, entre 2019 e 2023, para três anos-calendário à frente.
 
 
A partir de janeiro de 2025, visando se adequar às melhores práticas e à experiência internacional, a meta se refere à inflação acumulada em doze meses, apurada mês a mês, conhecida como “meta contínua”.
 
 
Por exemplo, em janeiro de 2025, a inflação acumulada em doze meses é comparada com a meta e seu intervalo de tolerância. Em fevereiro seguinte, o mesmo procedimento, e assim por diante. Assim, a verificação se desloca ao longo do tempo, não ficando mais restrito ao mês de dezembro de cada ano.
 
 
Se a inflação ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, é considerado descumprimento da meta. A utilização desse período evita a caracterização de descumprimento em situações de variações temporárias na inflação.
 
 
Esse é o caso, por exemplo, de um choque em preços de alimentos que faça com que a inflação fique fora do intervalo de tolerância por apenas alguns meses.
 
 
 
 
Foto: Getty Images
Por: Mariana Andrade/Metrópoles
 
 
 
 
 
 

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