04/02/2025 08:10:00

Venda de carro elétrico só cresce no Brasil. Há carregadores para todos eles?

Brasil já tem quase 400 mil carros elétricos em circulação e, em 2024, a quantidade de carregadores cresceu 182%, para 12,13 mil; setor acredita que a proporção é razoável, mas vendas têm crescido de maneira acelerada

Venda de carro elétrico só cresce no Brasil. Há carregadores para todos eles? - Notícias - Mato Grosso digital

Poucos minutos no trânsito de uma grande cidade brasileira são o suficiente para identificar ao menos um carro elétrico. Um observador atento também vai encontrar diversos dos carregadores responsáveis por manter esses veículos rodando em pontos como shoppings, postos de gasolina e estações de carregamento.

 

Mas a chegada de novos fabricantes, como a BYD, bem como projeções de eletrificação mais ousadas vindas boa parte das principais montadoras deve levantar a dúvida: afinal, há pontos de carregamento suficientes no Brasil para a modalidade de veículo que tem quase dobrado suas vendas no País nos últimos anos?

 

Apenas em 2024, a quantidade de carregadores cresceu 182% no Brasil, de 4,3 mil ao fim de 2023 para 12,13 mil, apontam dados da empresa de tecnologia para mobilidade elétrica Tupi. Só no último trimestre, a infraestrutura de carregamento teve um acréscimo de 1.515 pontos.

 

“Há uma recomendação que fala em 10 carros eletrificados [o que inclui elétricos e híbridos] para um ponto de recarga público. Se olharmos para o número do Brasil, é bastante razoável”, diz o presidente executivo da Tupi, Davi Bertoncello.

 

Ao todo, foram vendidos 397 mil veículos eletrificados no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Calcula-se que cerca de 204 mil deles sejam plug-in — isso é, que precisam ser conectados a um carregador. É um número que atende a recomendação.

 

No setor, não é raro ouvir uma versão própria do clássico dilema do “ovo ou a galinha”. Trata-se de entender se a demanda de veículos elétricos deve puxar a infraestrutura de carregamento ou a infraestrutura de carregamento estimula os consumidores a comprarem eletrificados.

 

“No mundo dos sonhos, os dois vêm juntos, mas aqui no Brasil, os carros vieram primeiro. E não foi só no Brasil, foi quase que mundo afora foi assim”, diz Bertoncello. Por algum tempo, comprar infraestrutura de carregamento foi muito caro. Em 2019, um carregador elétrico rápido custava em média R$ 1 milhão, esse valor hoje é de R$ 250 mil.

 

A ampliação da rede de recarga rápida é a grande questão agora: são apenas 1.516 pontos desse tipo no Brasil. São eles quem garantem aquele carregamento ao estilo posto de gasolina, uma parada rápida para viagens longas ou dias inteiros de direção na cidade.

 

A redução do custo dos carregadores em 1/4 estimula a instalação de pontos de carregamento ao abreviar o tempo para obter retorno sobre o investimento. Na rede da Tupi, a receita diária mínima apurada por um carregador do tipo é de R$ 350. A depender da localização dos pontos e dos acordos comerciais, esses ganhos podem chegar a R$ 1,5 mil.

 

A expectativa da empresa é de que, no próximo ano, a potência instalada em carregadores mais que dobre, ainda que a quantidade de pontos não cresça no mesmo ritmo. “A expectativa é que só nesse ano haja um incremento de algo como 2 mil carregadores rápidos, o que nos levaria a ter pelo menos 3.500 carregadores rápidos pelo Brasil ao fim de 2025”, conta o executivo.

 

A Tupi funciona em um modelo B2B2C, oferecendo serviços para empresas e também para o consumidor final. Funciona assim: se uma empresa quer abrir postos de carregamento, a Tupi oferece uma plataforma para que os proprietários de veículos paguem pela energia. Os pontos são registrados e um aplicativo mostra onde eles podem carregar os carros.

 

Quando algum dos mais de 140 mil usuários da plataforma acessa o aplicativo, ele vai se deparar com um concentração de 5,14 mil carregadores apenas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que 2,36 mil deles estão nas capitais.

 

Para Bertoncello, essa dinâmica deve ser normal no setor. Dada a alta densidade das grandes cidades, a quantidade de serviços de carregamento é maior e, principalmente, os postos são necessários porque nem sempre há infraestrutura para carga dentro das casas — ou melhor, apartamentos.

 

“No interior, em geral, existem mais casas do que prédios, é um bálsamo para o carro elétrico, porque é muito mais fácil de instalar um carregador residencial”, diz. Embora o estado de São Paulo hoje fuja da curva, uma espécie de “Califórnia” quando comparada a adesão aos elétricos com os Estados Unidos, a rede tem crescido fora da região sudeste.

 

A Bahia, por exemplo, já é o sétimo estado em quantidade de carregadores no Brasil. É o estado que está prestes a abrigar a produção de automóveis da BYD, gigante chinesa do setor de fabricação de elétricos que pretende produzir 300 mil veículos anualmente nos próximos anos.

 

Segundo dados da ABVE, foram 93,9 mil elétricos vendidos em 2023, um aumento de 90,7% frente ao ano anterior. Em 2024, as vendas cresceram 88,8%, para 177,3 mil.

 

 

 

Por: Iuri Santos/InfoMoney

 

 

 

 

 

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